Palavras e Expressões Racistas: Saiba o Que Não Usar e Por Quê
Descubra palavras e frases com origens discriminatórias para transformar seu modo de comunicação. O combate ao racismo passa por atitudes concretas, inclusive no uso do vocabulário. Muitas palavras e expressões, apesar de serem amplamente utilizadas, na verdade, têm origens racistas e, além disso, reforçam estereótipos negativos. O “Dicionário Antirracista” da Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) revela termos que devemos eliminar para promover uma comunicação mais inclusiva. Em novembro, no mês da Consciência Negra, a segunda edição trouxe novos exemplos para repensarmos nossas práticas linguísticas.
Por Que Devemos Identificar Palavras e Expressões Racistas?
O uso de palavras com conotação racista não é apenas um reflexo do passado; pelo contrário, trata-se de um reforço de preconceitos que, infelizmente, persistem na sociedade. Expressões como “tem caroço nesse angu” ou “língua preta” carregam estigmas históricos que impactam negativamente pessoas negras. Por isso, adotar uma linguagem inclusiva não apenas demonstra respeito, mas também reflete uma postura de maior consciência social.
Além disso, a legislação brasileira tem se mostrado cada vez mais rígida, o que evidencia um avanço significativo no combate ao racismo. Desde janeiro de 2023, o crime de injúria racial foi equiparado ao de racismo, tornando-se inafiançável e imprescritível. A punição inclui reclusão de até cinco anos, com penas agravadas em casos específicos.
Palavras e Expressões Racistas para Eliminar do Vocabulário
A seguir, veja exemplos de termos problemáticos e por que é importante deixá-los de lado:
1. “Amanhã é dia de branco”
Essa expressão associa responsabilidade e trabalho a pessoas brancas, ignorando e desvalorizando o esforço de pessoas negras, especialmente no período escravocrata.
2. “Tem caroço nesse angu”
Originada de estratégias usadas por pessoas escravizadas para esconder alimentos, a frase perpetua um contexto de privação e resistência associado a situações de exploração.
3. “Até tenho amigos que são negros”
Essa frase é frequentemente usada como defesa diante de acusações de racismo. No entanto, sua utilização ainda minimiza comportamentos discriminatórios, o que reforça a importância de refletirmos sobre nossas palavras.
4. “Como você faz para lavar esse cabelo/trança?”
Questionamentos assim, por sua vez, insinuam que cabelos cacheados, crespos ou trançados são inadequados ou sujos, contribuindo para o reforço de preconceitos estéticos.
5. “Moça, você trabalha aqui?”
Essa pergunta reflete suposições racistas de que pessoas negras só estão em determinados espaços em papéis de subserviência.
6. “Língua preta”
Usada como sinônimo de “fofoqueiro”, essa expressão associa negatividade à palavra “preta”, reforçando estigmas.
7. “Mulheres negras são boas de parir, aguentam mais a dor”
Frases como essa derivam do racismo científico e reforçam estereótipos desumanizadores sobre a resistência física de pessoas negras.
8. “Macaco”
Historicamente, essa ofensa remonta a teorias eugenistas, que comparavam pessoas negras a animais para justificar a escravidão.
Como Transformar o Vocabulário e Promover Inclusão?
Adotar uma linguagem antirracista é um passo importante para construir um ambiente mais igualitário. Use palavras de forma consciente e aprenda a substituir termos ofensivos por alternativas neutras.
Além disso, é essencial incentivar debates sobre racismo em seu círculo social e, ao mesmo tempo, promover a leitura de materiais educativos, como o próprio “Dicionário Antirracista”. O material serve como referência indispensável para quem busca se informar sobre o tema. Baixe aqui o dicionário da DPDF para acessar mais exemplos.
A Importância do Dia da Consciência Negra
Comemorado em 20 de novembro, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra é dedicado à reflexão sobre a luta por igualdade racial. A data, escolhida em memória de Zumbi dos Palmares, valoriza a cultura afro-brasileira e incentiva ações contra o racismo.
Por fim, iniciativas como o “Dicionário Antirracista” são fundamentais para esse movimento, pois mostram claramente que o racismo está presente em detalhes do cotidiano, incluindo a forma como nos comunicamos. Cada palavra conta e pode ser um instrumento de respeito ou discriminação.
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