Corregedoria Descobre Rede de Empresas Ligadas a Policiais Denunciados por Delator do PCC
A Corregedoria da Polícia Civil, em colaboração com o Ministério Público de São Paulo, revelou empresas ligadas a policiais citados na delação de Antônio Vinícius Gritzbach. O empresário e delator do PCC, Gritzbach, foi assassinado em frente ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, apenas oito dias após denunciar esquemas de extorsão envolvendo delegados e investigadores.
Um dos investigadores mencionados na delação, que tem um salário líquido de R$ 5.504,70, estaria diretamente envolvido na propriedade de uma concessionária de veículos de luxo e esportivos, a Baronesa Motors. A Junta Comercial registrou a concessionária, localizada em Bragança Paulista, no interior de São Paulo, em julho de 2022. Inicialmente, o investigador constava como sócio da empresa, mas, em março de 2023, ele transferiu sua participação para a esposa, que atualmente possui metade do capital social de R$ 500 mil declarado pela empresa.
Investigações Apontam Para Patrimônios de Policiais e Agentes de Telecomunicações
A esposa de um dos envolvidos ainda aparece como sócia da MD Construção Incorporação Ltda, uma construtora registrada em Bragança Paulista.
Um agente de telecomunicações, citado na delação de Gritzbach, recebe R$ 7.337,17 líquidos mensais e é dono de várias empresas, como uma construtora, uma clínica de estética e uma empresa de segurança. A construtora, chamada Magnata, está registrada em Praia Grande, no litoral paulista.
Além disso, a empresa Punisher, especializada em consultoria e assessoria em segurança, também está registrada no mesmo endereço.
Os corregedores explicam que servidores públicos não têm restrições para possuir empresas, desde que não atuem como sócios-administradores.
Agora, a investigação busca entender como policiais conseguiram acumular tanto patrimônio, considerando suas funções de dedicação exclusiva.
Investigação de Policiais Envolvidos na Morte de Vinicius Gritzbach
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) iniciou uma investigação sobre o envolvimento de pelo menos 13 policiais na morte de Vinicius Gritzbach. Oito policiais militares, responsáveis pela escolta do empresário, e cinco policiais civis, denunciados por Vinícius por corrupção, estão entre os investigados. A SSP afastou parte dos policiais envolvidos, mas não revelou o número exato de agentes removidos. Além dos policiais, outros suspeitos incluem um agente penitenciário, pessoas com dívidas para com Vinicius e membros de uma facção criminosa, a qual ele também havia denunciado por envolvimento em esquemas de estelionato.
Detalhes do Assassinato e Delação Premiada de Vinicius Gritzbach
Vinicius foi assassinado a tiros na última sexta-feira (8). Imagens de câmeras de segurança mostram dois homens encapuzados e armados com fuzis disparando contra a vítima. Após o crime, os suspeitos fugiram do local. O ataque também resultou na morte de um motorista de aplicativo e deixou outras três pessoas feridas. A SSP criou uma força-tarefa para apurar tanto os mandantes quanto os executores do crime. O caso é tratado como homicídio, lesão corporal e localização e apreensão de objetos.
O empresário estava em liberdade aguardando o andamento de seus processos relacionados a homicídios e lavagem de dinheiro para o PCC. Em abril, ele celebrou um acordo de delação premiada com o Ministério Público (MP). O acordo permitia a redução de suas penas, desde que ele colaborasse com informações sobre membros do PCC e policiais envolvidos em extorsões. Em uma das gravações, Vinicius revelou que um advogado ligado ao PCC ofereceu R$ 3 milhões a um policial civil para matar o empresário. Além disso, ele acusou outros policiais de cobrarem R$ 40 milhões para não investigá-lo como mandante de homicídios ligados ao PCC. Segundo sua defesa, o empresário se recusou a pagar a propina solicitada. Até o momento, as autoridades não identificaram ou prenderam os autores do assassinato.
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